sexta-feira, 9 de fevereiro de 2024

LISTA DE APROVADOS - PROCESSO SELETIVO | LIGA UNIVERSITÁRIA DE IMUNOLOGIA - 2024.1

    É com grande prazer e satisfação que estendemos nossas mais calorosas felicitações a todos aqueles que foram aprovados no processo seletivo da Liga Universitária de Imunologia - 2024.1!

    O processo de seleção foi para identificar indivíduos que não apenas possuem um profundo conhecimento de imunologia, mas também demonstram um entusiasmo pelo avanço desse campo. Ao começar esta nova jornada, nós os incentivamos a aproveitar as oportunidades e os desafios de fazer parte da Liga Universitária de Imunologia. Essa comunidade serve como uma plataforma para colaboração, inovação e troca de ideias entre indivíduos que compartilham uma paixão comum pelo avanço do campo imunológico.



Sejam bem-vindos ao MUNDO DA IMUNOLOGIA!

terça-feira, 7 de novembro de 2023

I Simpósio da LUI 2023

 Liga Universitária de Imunologia apresenta: I Simpósio da LUI 2023

O evento será realizado de forma online nos dias 14, 22, 29/11 e 06/12 das 12h às 13h,  as palestras serão transmitidas pelo Youtube da Liga com a apresentação de palestrantes renomados na área de Imunologia. 

O evento será gratuito e haverá emissão de certificado.

Link de inscrição: https://forms.gle/RLv3phS6Yut7z8Dw6

Transmissão: https://www.youtube.com/@ligadeimunologiaufu1029




segunda-feira, 28 de agosto de 2023

“REVELANDO AS COMPLEXIDADES DOS VÍRUS DA GRIPE: DAS AMEAÇAS SAZONAIS À IMUNIDADE UNIVERSAL.”

INFLUENZA

Autora: Ruth Opeyemi Awoyinka (Graduanda Biomedicina)


   Os vírus influenza são um problema significativo de saúde pública, causando infecções respiratórias que variam de leve a grave. Os vírus influenza sazonais, como H1N1, H3N2 e influenza B, resultam em milhões de casos graves e centenas de milhares de mortes a cada ano em todo o mundo. Além disso, os vírus da gripe aviária, como H5N1 e H7N9, podem levar a infecções zoonóticas. Esses vírus podem causar pandemias quando passam de animais para humanos, levando a morbidade e mortalidade generalizadas. As pandemias históricas incluem os surtos de H1N1 de 1918, H2N2 de 1957, H3N2 de 1968 e H1N1 de 2009.

   As pandemias ocorrem devido a vírus com novas glicoproteínas de superfície com as quais o sistema imunológico humano não está familiarizado. Essas glicoproteínas, hemaglutinina (HA) e neuraminidase (NA), sofrem alterações, conhecidas como deslocamento antigênico, causando rápida disseminação na população. As respostas de anticorpos desempenham um papel crucial na proteção contra a infecção pelo vírus influenza, particularmente contra HA, que possui diferentes sítios antigênicos em seu domínio de cabeça globular (WU; WILSON, 2020). Os anticorpos induzidos por infecção são geralmente mais amplos e de vida mais longa em comparação com os anticorpos induzidos por vacina. As respostas a outras proteínas virais como nucleoproteína (NP) e proteínas da matriz (M1, M2) são menos compreendidas, mas são observadas após a infecção natural. A resposta de anticorpos a essas proteínas varia em termos de amplitude e longevidade.

 

(KRAMMER, 2019)


   A idade e a exposição anterior influenciam a amplitude e a força das respostas dos anticorpos. O pecado antigênico original (OAS) é um fenômeno em que a exposição anterior afeta a resposta imune a uma nova cepa, muitas vezes levando a respostas de recuperação mais fortes contra cepas familiares. Compreender essas respostas é crucial para melhorar o desenvolvimento de vacinas, especialmente para gerar uma vacina universal contra influenza. A resposta imune à infecção pelo vírus influenza e vacinação é um processo complexo e multifacetado envolvendo vários tipos de vacinas e mecanismos imunológicos. Diferentes tipos de vacinas de vírus influenza tem sido usados historicamente, incluindo vacinas de vírus totalmente inativados, vacinas fragmentadas de vírus e subunitárias, vacinas de vírus influenza atenuadas vivas (LAIVs) e vacinas recombinantes baseadas em HA. Cada tipo de vacina provoca uma resposta distinta.


(KRAMMER, 2019)


   As respostas aos vírus influenza pandêmicos e zoonóticos revelam os desafios colocados por novas cepas de vírus. A exposição a tais cepas desencadeia respostas de recordação direcionadas a epítopos conservados, levando à proteção. Esforços estão em andamento para desenvolver a próxima geração de vacinas universais contra o vírus influenza que forneçam imunidade ampla e duradoura. Isso inclui vacinas direcionadas ao talo de HA, epítopos conservados e respostas de células T (SONG et al., 2022).

   Em conclusão, a resposta imune à infecção pelo vírus influenza e à vacinação é complexa e envolve vários fatores. Os avanços na concepção de vacinas e na compreensão dos mecanismos imunológicos têm o potencial de desenvolver vacinas universais contra influenza que conferem proteção duradoura contra diversas cepas de vírus.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

KRAMMER, Florian. The human antibody response to influenza A virus infection and vaccination. Nature Reviews Immunology 2019 19:6, [s. l.], v. 19, n. 6, p. 383–397, 2019. Disponível em: https://www.nature.com/articles/s41577-019-0143-6.

SONG, Yufeng et al. Layered protein nanoparticles containing influenza B HA stalk induced sustained cross-protection against viruses spanning both viral lineages. Biomaterials, [s. l.], v. 287, 2022. Disponível em: https://www.sciencedaily.com/releases/2022/07/220708162751.htm.

WU, Nicholas C.; WILSON, Ian A. Influenza Hemagglutinin Structures and Antibody Recognition. Cold Spring Harbor Perspectives in Medicine, [s. l.], v. 10, n. 8, p. 1–20, 2020. Disponível em: /pmc/articles/PMC7397844/.

segunda-feira, 21 de agosto de 2023

Potencial terapêutico de células T modificada na infecção por SARS-CoV 2

 

 

Autores: Marya Fernanda Santos Lopes (Graduanda Biotecnologia), João Vitor Eleuterio da Silva (Graduando Biotecnologia)

 

A COVID-19, doença originada pelo coronavírus SARS-CoV-2, é uma doença altamente transmissível e patogênica, ameaçando a saúde humana e a segurança pública em todo o mundo. Esse vírus, que pertence à família dos coronavírus e causou a pandemia da Síndrome Respiratória Aguda Grave de 2019 (COVID-19). A infecção é transmitida principalmente por via aérea e podem ocorrer desde casos assintomáticos ou com sintomas leves até casos graves com insuficiência respiratória aguda e morte.

Dentre os grupos mais vulneráveis, destacam-se os idosos, indivíduos com condições médicas pré-existentes e aqueles imunocomprometidos. Pacientes oncológicos, por exemplo, têm uma maior suscetibilidade a desenvolver formas graves da doença, a condição desses pacientes torna desafiador o tratamento do COVID-19.

No contexto de enfrentamento à pandemia, um grande esforço  foi direcionado ao desenvolvimento de vacinas para proteção contra o SARS-CoV-2. Vacinas como as desenvolvidas pela Pfizer-BioNTech e Moderna, por exemplo,  demonstraram eficácia na redução da gravidade da doença e na diminuição das taxas de hospitalização e morte, principalmente em populações imunocompetentes. Contudo, a eficácia dessas vacinas pode ser limitada em indivíduos gravemente imunocomprometidos.

A evolução do vírus ao longo da sua constante disseminação e replicação também é uma preocupação. Diferentes linhagens do SARS-CoV-2 têm surgido, onde  algumas delas apresentam mutações que conferem vantagens ao vírus, proporcionando-lhe maior transmissibilidade, capacidade de escapar da resposta imunológica ou maior patogenicidade.

Frente a esses desafios, pesquisas exploram alternativas como a terapia de transferência celular. As células T, são um tipo celular cujo principal objetivo é identificar e eliminar patógenos ou células infectadas. Elas fazem isso usando proteínas em sua superfície, que se ligam a proteínas na superfície dos antígenos. Como as células T podem permanecer no sangue a longo prazo após uma infecção, elas também contribuem para a chamada "memória de longo prazo" do sistema imunológico, permitindo uma resposta mais rápida e eficaz frente a uma nova exposição a um antigo inimigo.

Uma abordagem inovadora para potencial terapêutica contra a doença, envolve células T modificadas por CRISPR com receptor de células T (TCR), que podem ser direcionadas especificamente para uma região conservada do SARS-CoV-2, sua especificidade confere a capacidade de reconhecer diferentes variantes do vírus. A substituição ortotópica do TCR em células T é uma estratégia que visa superar algumas limitações das abordagens tradicionais de modificação. Essa técnica pode permitir a expressão direcionada do TCR introduzido, aumentando sua eficácia na resposta contra a infecção causada pelo SARS-CoV 2.

Nesse contexto, pesquisadores estão explorando a aplicação dessa abordagem, visando aumentar a resposta imunológica contra o SARS-CoV-2 e melhorar os desfechos clínicos. A pesquisa visa analisar a durabilidade, a especificidade e a eficácia dessas células T projetadas, bem como sua aplicabilidade em diferentes grupos de pacientes.

O estudo realizado obteve resultados positivos levando a uma forte expressão de IFN-γ, indicando que a utilização de receptores de células T específicos para epítopos não mutados do vírus em células T alogênicas têm um grande potencial terapêutico na infecção por SARS-CoV 2.

 




   Fig. 1. Resposta de P54C15 e P54C100 a variante de coronavírus de preocupação omicron. célula T clones P54C15 (A, B) e P54C100 (C, D) foram testados para reconhecimento do omicron VOC medindo a secreção de IFN y (A, C) e a expressão de CD69/CD137 (B, D) após estimulação com pool de peptídeos autólogo carregado EBV-LCL em ELISA e FACS, respectivamente. DMSO e wt N-Pool servem como controles negativos. EBV, Vírus Epstein Barr; IFN-y, interferon gama; LCL, linha celular linfoblastóide; N-Pool, pool de peptídeos do nucleocapsídeo; om, omicron; S-Pool, pool de peptídeos Spike; VOC, variante de preocupação; peso, tipo selvagem.                 

 

Referências:

REIMANN, H. et al. Identification and characterization of T-cell receptors with therapeutic potential showing conserved specificity against all SARS-CoV 2 strains. Immunobiology, v. 228, n. 5, p. 152720, 1 set. 2023.

HU, B. et al. Characteristics of SARS-CoV-2 and COVID-19. Nature Reviews Microbiology, v. 19, n. 19, p. 1–14, 6 out. 2020.

O que se sabe sobre o papel das células T na imunidade à covid-19. (n.d.). BBC News Brasil. [online] Available at: https://www.bbc.com/portuguese/vert-fut-53481818 [Accessed 12 Aug. 2023].

sexta-feira, 11 de agosto de 2023

MECANISMOS IMUNOLOGICOS DA NEUROCISTICERCOCE

NEUROCISTICERCOCE

Autoras: Carolina de Souza Gardenghi (Mestranda PPIPA), Débora Karolla de Freitas Oliveira (Mestranda PPIPA)

 A neurocisticercose (NCC) é uma doença grave causada pela infecção do sistema nervoso central pela larva da Taenia solium, conhecida como cisticerco. É a principal causa de epilepsia adquirida, afetando aproximadamente 50 milhões de pessoas em todo o mundo (CDC, 2021). Durante a NCC, as respostas imunes celulares são diversas e distintas, desempenhando um papel importante na limitação da progressão da doença. Após as larvas se estabelecerem no tecido cerebral, geralmente há um período de vários meses ou anos antes do surgimento dos sintomas devido a capacidade do parasito de evadir e suprimir o sistema imune do hospedeiro. 

Com o passar do tempo, o cisto passa por uma série de estágios de involução, nos quais ocorre a degeneração dos mesmos no tecido cerebral, desencadeando uma resposta inflamatória caracterizada pelo aumento na produção de IL-1B, TNFα e IFNγ. Essa resposta inflamatória é seguida por uma ativação intensa de células, como os astrócitos, presentes na barreira hematoencefálica. A ativação descontrolada dessas células rompe a junção e a formação de canais transendoteliais, comprometendo a integridade da barreira e permitindo a infiltração e migração de leucócitos para o espaço subaracnóideo e parênquima cerebral, possibilitando o contato das células imunes com os cisticercos.

 Ao longo da resposta inflamatória, os cistos são cercados por um granuloma maduro composto por células gigantes multinucleadas, além de uma camada fibrosa rica em colágeno e um infiltrado de leucócitos, macrófagos, células T, células B, plasmócitos, neutrófilos, mastócitos, eosinófilos e microglia cerebral. Essa infiltração de células imunes no cérebro pode levar ao aumento da pressão intracraniana, representando uma das complicações mais graves e potencialmente fatal.


Referências Bibliográficas

 CDC, 2021. Neurocysticercosis: A leading cause of acquired epilepsy worldwide. Disponivel em: https://www.cdc.gov/parasites/features/ncc_cme_feature.html 

Prodjinotho UF, Lema J, Lacorcia M, Schmidt V, Vejzagic N, Sikasunge C, et al. (2020) Host immune responses during Taenia solium Neurocysticercosis infection and treatment. PLoS Negl Trop Dis 14(4): e0008005. https://doi.org/10.1371/journal.pntd.0008005 

quarta-feira, 14 de junho de 2023

A nova tecnologia: Vacinas de DNA

Vacinas de DNA

 Autores: Luisa Marielle Borges Duarte (Graduanda Biotecnologia), Bianca Soares de Oliveira Alcântara (Graduanda Biotecnologia) e Jhoan David Aguillón Torres (Doutorando PPIPA)

   Atualmente vem se tornando cada dia mais usual a aplicação de vacinas de DNA. As vacinas de DNA são constituídas por um plasmídeo de expressão que contém genes que codificam um ou mais antígenos imunogênicos de interesse. A inserção deste plasmídeo no organismo hospedeiro e consequentemente transfecção das células possibilita a geração in vivo dos alvos antigênicos desejados utilizando a própria maquinaria celular. Uma vez que esses plasmídeos recombinantes se encontram dentro da célula hospedeira o gene alvo será transcrito, processado e apresentado pelas células apresentadoras de antígenos (APCs), podendo ativar uma resposta imune celular e humoral.

   Desse modo, a nova tecnologia vem sendo intensamente estudada como uma formulação segura, visto que não é necessário a utilização do próprio patógeno para o imunizante. A técnica se baseia na utilização da maquinária celular do próprio hospedeiro para ativar a resposta imune a partir da informação genética que codifica os antígenos e produz os anticorpos.

   As vacinas de DNA têm algumas vantagens em relação às vacinas tradicionais, como: baixo custo de produção e manutenção, facilidade de transporte e armazenamento, capacidade de gerar resposta imune celular e humoral, e possibilidade de combinar vários antígenos em uma só vacina. No entanto, elas também apresentam alguns desafios, como: dificuldade em selecionar os genes mais adequados para cada agente infeccioso e ainda tem a necessidade de mais estudos para comprovar sua segurança e eficácia pois é uma tecnologia ainda em desenvolvimento.

A primeira vacina de DNA aprovada para uso emergencial em humanos foi a ZyCoV-D (Figura 1A), desenvolvida na Índia para combater a Covid-19. Essa vacina mostrou uma proteção de 67% contra casos sintomáticos da variante delta do Sars-CoV-2 e foi administrada em três doses com intervalo de 28 dias entre elas (Figuras 1B e 1C) (Dey et al., 2021). Outras vacinas de DNA estão sendo testadas para diferentes doenças, como malária, tuberculose, HIV e câncer.

 

   Figura 1. A.Plasmideo vacinal contendo a sequência da proteína spike. B. Titulação de anticorpos em camundongos BALB/C imunizados com duas doses diferentes (25 μg e 100 μg) da vacina de DNA após 28, 42 e 126 dias. C. Titulação de anticorpos em porcos da índia imunizados com duas doses diferentes (25μg e 100 μg) da vacina de DNA após 28 e 42.

 

Por tanto, torna-se significante o avanço nas pesquisas e sua divulgação para a população promovendo assim um aumento na taxa de vacinação e a diminuição do risco de possíveis futuras pandemias. 

Referencias:

Kano, F. S., Vidotto, O., & Vidotto, M. C. (2007). Vacina de DNA: aspectos gerais e sua aplicação na medicina humana e veterinária. Semina: Ciências Agrárias28(4), 709-726.

Dey, A., Rajanathan, T. C., Chandra, H., Pericherla, H. P., Kumar, S., Choonia, H. S., ... & Maithal, K. (2021). Immunogenic potential of DNA vaccine candidate, ZyCoV-D against SARS-CoV-2 in animal models. Vaccine39(30), 4108-4116.

 Diniz, M. D. O., & Ferreira, L. C. D. S. (2010). Biotecnologia aplicada ao desenvolvimento de vacinas. Estudos avançados24, 19-30.

 https://nexxto.com/vacina-rna-e-dna-afinal-qual-a-diferenca-entre-elas/

 

 

segunda-feira, 12 de julho de 2021

RECÉM-NASCIDOS PODEM ADQUIRIR ANTICORPOS ESPECÍFICOS PARA O SARS-CoV-2 DE MÃES VACINADAS PARA A COVID-19

 Autor: Fernando William Moreira Santana (Mestrando PPIPA)


Após mais de um ano investigando a infecção por SARS-CoV-2 em humanos, os pesquisadores continuam buscando novas informações sobre essa doença. De acordo com a Organização Mundial da Saúde, atualmente há mais de 186.000.000 casos confirmados e 4.000.000 mortes pela COVID-19 em todo o mundo, sendo que as vacinas surgiram como uma forma de prevenir as infecções consideradas graves da doença. Com os estudos de segurança e eficácia de algumas vacinas para a grande maioria da população já publicados, os pesquisadores estão buscando entender como funciona a passagem de anticorpos, ou imunoglobulinas (Ig), de mães vacinadas para o feto, na fase gestacional, ou para o recém-nascido, no período de amamentação.

No cordão umbilical ocorre a passagem de alguns componentes sanguíneos da mãe para o feto e vice-versa, incluindo a passagem de anticorpos. Sabendo disso, os pesquisadores relataram sobre a passagem de IgG específico para o SARS-CoV-2 pela barreira placentária de mães vacinadas com a vacina Pfizer/BioNTech (BEHARIER et al., 2021). Ademais, um estudo com 131 mulheres vacinadas com a vacina Pfizer-BioNTech ou Moderna/NIH (84 gestantes, 31 lactantes e 16 não grávidas nem lactantes) demonstrou que pode ocorrer a transferência de anticorpos específicos para o SARS-CoV-2 de mães vacinadas para os filhos, tanto pelo cordão umbilical quanto pelo leite materno (GRAY et al., 2021).

O leite materno, uma fonte rica em proteínas, incluindo os anticorpos, é o principal alimento para os recém-nascidos. Sendo assim, os anticorpos que a mãe passa para o bebê são de extrema importância para a sua proteção nos primeiros estágios de vida. Em Israel, um estudo feito com 84 mulheres em período de amamentação que foram imunizadas contra o SARS-CoV-2 com a vacina Pfizer-BioNTech, demonstrou que há um aumento nos níveis de IgA e IgG no leite materno entre a primeira e a segunda dose da vacina (Figura 1) (PERL et al., 2021). Além disso, pesquisadores também demonstraram que os anticorpos gerados pela completa vacinação estavam presentes em todas as amostras de sangue do cordão umbilical e no leite materno analisados (GRAY et al., 2021).

Figura 1. Variações dos níveis de IgA e IgG no leite materno com o passar do tempo. Adaptado de PERL et al., 2021.

Tendo isso em vista, a discussão sobre a vacinação de gestantes está em voga, sendo que há relatos científicos que demonstram pontos positivos para a vacinação desse grupo de indivíduos, ressaltando a importância da passagem de anticorpos para o recém-nascido de forma passiva. Também vale ressaltar que essas pesquisas foram restritas para certos tipos de vacinas, porém outros estudos científicos serão publicados para o melhor entendimento da vacinação em gestantes.

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BEHARIER, O. et al., Efficient maternal to neonatal transfer of antibodies against SARS-CoV-2 and BNT162b2 mRNA COVID-19 vaccine. The Journal of Clinical Investigation, v. 131, n. 13, 2021.

GRAY, K. J. et al., COVID-19 vaccine response in pregnant and lactating women: a cohort study. medRxiv, 2021.

PERL, S. H. et al., SARS-CoV-2-specific antibodies in breast milk after COVID-19 vaccination of breastfeeding women. JAMA, v. 325, n. 19, 2021.

WHO COVID-19 Dashboard. Geneva: World Health Organization, 2020. Disponível em: <https://covid19.who.int/>. Acesso em: 12 de julho de 2021.

terça-feira, 29 de dezembro de 2020

MECANISMOS DA SENESCÊNCIA E SEU EFEITO NO SISTEMA IMUNOLÓGICO

Autores: Ludmilla Sousa Quirino (Graduanda em Biotecnologia), Alessandro Sousa Correa (Doutorando PPIPA)

 

Senescência, do latim Senescere, é um percurso natural do envelhecimento. Este, na perspectiva biológica, é o processo da perda progressiva da integridade fisiológica e das funções dos órgãos. A nível celular é uma série de fenômenos gradativos ocasionados em resposta a estresses celulares, como oxidação; danificação da molécula de DNA, disfunções mitocondriais e encurtamento dos telômeros. Além disso, as células senescentes invocam respostas imunológicas que se relacionam com manifestações patológicas como diabetes, hipertensão pulmonar, osteoartrites, etc. (DODIG; ČEPELAK; PAVIĆ, 2019; WEI; JI, 2018)

                                

Figura 1: Esquema ilustrativo dos processos da senescência e contribuição para o envelhecimento do organismo. Retirado de Dodig et al, 2019.

Contudo, a senescência celular tem como finalidade a retenção da fase G1 do ciclo celular para evitar transformações malignas causadas pelos estressores, além de estar envolvida na supressão da proliferação e invasão de células tumorais ao parar o ciclo. De acordo com o ponto de vista cinético, o processo natural do envelhecimento pode ser dividido em duas categorias: aguda e crônica. e é mediado por fatores como p53, p16 e demais vias relacionadas à supressão tumoral (DODIG; ČEPELAK; PAVIĆ, 2019; WEI; JI, 2018).

A senescência aguda é um processo programado e transitório, relacionado ao desenvolvimento embrionário, ao reparo tecidual e à cicatrização de feridas; já a senescência crônica não é direcionada e possui uma característica mais persistente, além de limitar a proliferação de células danificadas. Ao contrário do que possa se imaginar, no início da vida, há presença de células senescentes que atuam na homeostasia, desenvolvimento e regeneração. Porém, em uma idade avançada, há o acúmulo destas células e produção de efeitos prejudicais, como as doenças relacionadas ao envelhecimento (Figura 1) (DODIG; ČEPELAK; PAVIĆ, 2019).

Mas a dúvida que perdura na mente dos cientistas é como os organismos envelhecem e por quê? Diversas teorias são discutidas e uma delas é a influência do meio ambiente na senescência celular. Sabe-se que alguns hábitos alimentares ou comportamentais promovem o maior acúmulo de espécies reativas de oxigênio que causam danos celulares. Além disso, o encurtamento dos telômeros que busca evitar a degradação dos cromossomos é um processo natural do envelhecimento e pode ser acelerado por patologias (DODIG; ČEPELAK; PAVIĆ, 2019; WEI; JI, 2018).

Dessa forma, o envelhecer é um processo intrínseco e complexo da natureza humana resultante da genética, assim como dos fatores ambientais que a influenciam, e do tempo. Inúmeras são as evidências desse processo que pode ser natural, por manifestações patológicas, alterações fisiológicas, sociais e cognitivas.

Na forma de indicadores do processo de envelhecimento podemos citar: enfraquecimento muscular, mudanças sensoriais e redução da mobilidade, assim como suscetibilidade a hipertensão, doenças cardiovasculares, diabetes, osteoporose, doenças neurodegenerativas assim como diminuição da capacidade respiratória, aumento da taxa de células CD4+/CD8+, etc. E existem fatores primordiais no processo do envelhecimento como: fatores inflamatórios, cronicidade envolvida e a senescência celular citada no texto (DODIG; ČEPELAK; PAVIĆ, 2019).

Em suma, o envelhecimento do organismo afeta cada nível da vida, há um enfraquecimento do sistema imunológico marcado por função fagocitária reduzida o que implica na maior suscetibilidade à entrada de patógenos, incidência maior de linfócitos CD8+ e diversas outras alterações que corroboram para aumento de inflamações, processos neurodegenerativos e tantas outras questões prejudiciais à manutenção da vida (DODIG; ČEPELAK; PAVIĆ, 2019). Entretanto a identificação, entendimento e seleção dos biomarcadores podem trazer luz à complexidade da senescência, assim como a intervenções farmacológicas adequadas para um envelhecimento saudável, apesar das descobertas moleculares e celulares ainda serem limitadas (DODIG; ČEPELAK; PAVIĆ, 2019; WEI; JI, 2018).

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:


DODIG, S.; ČEPELAK, I.; PAVIĆ, I. Hallmarks of senescence and aging. Biochemia Medica, v. 29, n. 3, p. 1–15, 2019.

WEI, W.; JI, S. Cellular senescence: Molecular mechanisms and pathogenicity. Journal of Cellular Physiology, v. 233, n. 12, p. 9121–9135, 2018.